Aluna do Campus Belém participa de intercâmbio internacional

Encontrar alternativas para incentivar jovens ribeirinhos a conciliarem estudo e trabalho. Essa foi a motivação que a estudante Jamille Miranda dos Anjos, 21 anos, apresentou na seleção do projeto La Passion, que visa o intercâmbio de pesquisa para alunos do ensino superior.

A aluna de Pedagogia do Campus Belém foi a escolhida para participar do intercâmbio que terá duração de 10 semanas e será realizado no Instituto Federal do Amazonas, um dos parceiros do projeto no Brasil. Além de apresentar uma redação em inglês, explicando o motivo de querer participar da seleção, a candidata à vaga tinha que ter um bom índice de rendimento acadêmico (Média Geral do IRA de 8,0 a 10,0) e comprovante de curso de inglês, de nível intermediário ou avançado.

Além de aluna dedicada no curso de Pedagogia, Jamille domina o inglês. Incentivada por um tio e pela mãe, ela conseguiu uma bolsa num curso particular e estudou o idioma dos 12 aos 16 anos. “De lá para cá, continuo praticando o inglês por meio de cursos online, vídeos e músicas. E também tenho o hábito de falar sozinha, em inglês”, revela.

A facilidade com línguas estrangeiras é tanta que ela já começou a estudar alemão – também pela internet. “Resolvi parar um pouco para poder terminar o curso, mas pretendo retomar”. Jamille conta como o aprendizado do inglês lhe abriu horizontes: “Percebi que o mundo era muito maior do que eu imaginava. Conheci outras coisas, percebi que era possível estudar, me aprimorar, sem sair da minha comunidade, comecei a sonhar”.

Moradora da Ilha Murutucum (ao lado da Ilha do Combú), Jamille conhece bem a realidade dos jovens que abandonam os estudos muito cedo para garantir a sobrevivência. “A primeira coisa a fazer é levar informação, porque muitos nem sabem como entrar numa faculdade, por exemplo. Depois, é preciso apontar alternativas viáveis para quem quiser conciliar estudo e trabalho. Uma das soluções que pretendo desenvolver no projeto diz respeito ao turismo sustentável. Imagino que esses jovens ribeirinhos podem compartilhar seus conhecimentos do espaço onde vivem, orientando os visitantes sobre práticas que não comprometam o meio ambiente”, explica.

Jamille fala com conhecimento de causa. Nos fins de semana ela trabalha como barqueira, ao lado do irmão, realizando a travessia de turistas e moradores de Belém para as ilhas. Ela afirma que muitas vezes falta consciência ao visitante: “Alguns jogam lixo no rio, outros fumam na mata e ainda tem aqueles que reclamam da baixa velocidade dos barcos na passagem pelos furos – necessária para reduzir o impacto da maresia nas encostas, evitando a erosão”.

Durante a semana, Jamille divide a rotina entre o curso no IFPA e o estágio numa escola bilíngue – onde pratica o inglês e as técnicas de Pedagogia. “Aqui no Instituto Federal tive oportunidade de trocar experiências com professores e colegas. Além, é claro, de me encontrar na profissão que quero seguir”, reconhece ela, que decidiu cursar Pedagogia para ajudar a mãe na educação dos três irmãos mais novos.

De malas prontas para a sua primeira viagem, Jamille está animada em participar do projeto, mas reconhece que sentirá saudades da família. “Faltava coragem para buscar intercâmbios como esse. Na volta, espero estar mais segura para, quem sabe, tentar um mestrado no Exterior”. Mas uma coisa ela tem certeza: “Quero estudar e aprender muito aqui ou lá fora, mas também quero muito voltar para o meu lugar. Espero dar minha contribuição para a Ilha Murutucum”.

 Sobre o projeto - O projeto La Passion (Latin America Practices and Soft Skills for na Innovation Oriented Network) faz parte do programa de capacitação internacional Erasmus + Capacity Building Program, sendo coordenado pelo Instituto Politécnico do Porto (IPP) e visa o intercâmbio internacional em parceria com 05 (cinco) Institutos Federais e o CONIF, além de parcerias com Instituições Internacionais de Ensino e/ou Pesquisa de Portugal, Espanha, Finlândia, Uruguai e Chile.

O projeto oferece intercâmbio internacional de estudantes de ensino superior, orientados por professores e parceiros externos, para atuarem em projetos com metodologias inovadoras, nos quais grupos de trabalho são formados com estudantes de diferentes cursos e países que trabalham por 10 semanas para apresentar uma solução a um desafio proposto por um parceiro externo (contraparte) dentro de um tema predefinido.