Ir direto para menu de acessibilidade.
Brasil – Governo Federal | Acesso à informação
Página inicial > Publicações > Vencedoras do Nobel de Química dão visibilidade à presença feminina na ciência
Início do conteúdo da página
Últimas notícias

Vencedoras do Nobel de Química dão visibilidade à presença feminina na ciência

  • Publicado: Quarta, 07 de Outubro de 2020, 12h22
  • Última atualização em Quarta, 07 de Outubro de 2020, 13h29
  • Acessos: 2006

Pela primeira vez na história, duas mulheres ganham, juntas, o Nobel de Química. O fato inédito foi anunciado nesta quarta-feira (7/10), pela Academia Real de Ciências da Suécia: a francesa Emmanuelle Charpentier e americana Jennifer Doudna foram premiadas pelo desenvolvimento do Crispr, método de edição do genoma. As vencedoras dividirão o valor de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões).

Antes de Charpentier e Doudna, cinco mulheres já haviam ganhado o Nobel em Química: Marie Curie (1911) e Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964), individualmente, e Irène Joliot-Curie (1935), Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964), Ada E. Yonath (2009) e Frances H. Arnold (2018) – dividindo com um ou mais cientistas homens.

"Eu gostaria de passar uma mensagem positiva a meninas que gostariam de seguir o caminho da ciência. Acho que nós mostramos a elas que, em princípio, uma mulher na ciência pode ter impacto na ciência que elas estão fazendo", declarou Charpentier em coletiva à imprensa, logo após o anúncio do prêmio.

Com a vitória das duas cientistas, o Prêmio Nobel já tem três laureadas mulheres neste ano. A primeira foi Andrea Ghez, que foi premiada em física, em conjunto com dois cientistas, por sua pesquisa em buracos negros.

Os fatos merecem ser comemorados, mas evidenciam também uma grande diferença na participação de homens e mulheres na ciência. Para se ter uma ideia, no Prêmio Nobel, desde sua criação, em 1901, as mulheres representam apenas 5% dos vencedores.

IFPA e participação feminina - Trata-se de um desequilíbrio que, aos poucos, vem sendo quebrado. É o que podemos dizer em relação ao próprio IFPA Campus Belém. O curso de Química, por exemplo, conta atualmente com 17 professores – sendo seis mulheres (Karina Magno Lins, Patrícia Teresa da Luz, Rosa Barro e Silva, Rosevane Lins Monteiro, Solange Maria Correa, Vera Lúcia Dias Silva). Entre os alunos, ainda há o domínio masculino, mas algumas ações estão estimulando a participação das meninas na área.

O Dia Internacional de meninas e mulheres na ciência, comemorado em 11 de fevereiro, é um bom exemplo. A data foi aprovada pela Assembleia das Nações Unidas (ONU), em 2015, e vem sendo lembrada mundo afora.

“Nas Olimpíadas de Ciências, na qual sou coordenadora, fazemos questão de conceder um prêmio especial às meninas, como forma de incentivo”, explica a professora Patrícia Luz, Engenheira Química de formação.

Ela sabe exatamente os desafios que meninas e mulheres precisam enfrentar para se dedicar à ciência. “Quando era jovem, enquanto as minhas colegas pensavam em passear, eu queria estudar. A partir de uma feira de ciências, na quinta série, numa escola pública, passei a tomar gosto por química e física”, recorda.

Para a professora Patrícia Luz, a popularização da ciência é fundamental para que meninos e meninas se interessem pelos estudos nessas áreas tão pouco conhecidas. “Embora a Química, por exemplo, esteja presente no cotidiano de todos nós, ainda há muita desinformação. Lembro que quando decidi cursar Engenharia Química, ouvi pessoas perguntando: ‘para que serve isso? Se é tão inteligente, porque não faz Medicina, Direito?’”.

Para superar essas barreiras, a então estudante buscava informação com professores, em revistas especializadas e nos livros disponíveis nas bibliotecas. Depois de concluída a graduação, o desafio foi conciliar o Mestrado e o Doutorado com o papel de mãe. “Há sempre uma desconfiança de que as mulheres não irão dar conta de tantas responsabilidades. Felizmente, em toda a minha trajetória, sempre tive o apoio dos meus pais e depois do meu marido, além da compreensão da minha filha – que desde os sete meses vem acompanhando a minha rotina de estudos, trabalho e pesquisa”, ressalta Patrícia Luz, professora do IFPA Campus Belém desde 2008.

Além da questão de gênero, a ciência ainda precisa vencer outros desafios: de raça, de classe, de região. São poucos os cientistas negros, pobres, de países ou regiões em desenvolvimento. Na opinião da professora, “para minimizar esses desequilíbrios é fundamental investir em ações sociais. E a educação de base merece destaque, especialmente as escolas públicas. A popularização da ciência e o estímulo à participação em grupos de pesquisa são outras iniciativas transformadoras”, concluiu.

Saiba mais sobre as Olimpíadas

http://para.obquimica.org/

https://obquimica.org/

https://onciencias.org/

Saiba mais sobre as ganhadoras do Nobel de Química

Emmanuelle Charpentier, francesa de 51 anos, é diretora do Instituto Max Planck de Biologia de Infecções em Berlim.

Jennifer Doudna, americana de 56 anos, é professora da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos.

Saiba mais sobre o Crispr

É uma espécie de "tesoura genética", que permite à ciência mudar parte do código genético de uma célula. Com essa "tesoura", é possível, por exemplo, "cortar" uma parte específica do DNA, fazendo com que a célula produza ou não determinadas proteínas. Usando o Crispr, cientistas podem alterar o DNA de animais, plantas e microrganismos com extrema precisão.

 

registrado em:
Fim do conteúdo da página
-->